terça-feira, 29 de março de 2016

Acha Que O Seu DNA É Inteiramente Humano? Não Tenha Tanta Certeza. Ora Leia ...


Uma nova descoberta sugere que nosso DNA é ainda "menos humano" do que se acreditava até agora.


Dezenove novos pedaços de DNA não-humano - deixados por vírus que infectaram nossos antepassados centenas de milhares de anos atrás - foram encontrados escondidos entre os nossos próprios genes


Cientistas já sabiam há algum tempo que parte do genoma humano não era nosso de verdade, mas de invasores – vírus, que haviam inserido seu código em nossas células, marcas de um passado de infecções de milhões de anos atrás, de nossos ancestrais.
Embora o mecanismo que o vírus use para inserir-se no nosso genoma já seja conhecido, a pergunta que os cientistas queriam responder é como é que eles conseguiram ter tanto sucesso nesta empreitada, a ponto de cerca de 8% do nosso código genético ser viral.

Como o genoma humano ficou repleto de DNA viral

Retrovírus, como o HIV, conseguem replicar seu código genético ao inserir o mesmo no DNA de um hospedeiro. Toda vez que a célula se replicar, ela vai replicar o código do vírus também. São chamados Retrovírus Endógenos ou ERVs.
Para entrar na célula, o vírus precisa de uma capa de proteínas, que é codificada por um gene chamado de “env”. Quando o vírus perde sua capa, ele fica preso na célula. Ele pode se replicar indefinidamente, mas não pode infectar outras células.

Entretanto, os cientistas descobriram que, ao perder o env, os vírus se tornaram superreplicadores, e, ao mesmo tempo que não conseguem conquistar novas células, podem se tornar os “senhores” da célula que infectaram.

A pesquisa foi feita em um tipo especial de ERVs, os assim chamados IAPs. Alguns tem o gene “env”, outros têm o gene degenerado, e outros não têm o gene. Esta perda não é o resultado da degeneração que ocorre com o tempo, por que em alguns casos o gene “env” foi perdido e o resto do código genético permaneceu intacto.

A análise dos IAPs de 18 diferentes espécies de animais descobriu que os que perderam o “env” são os mais abundantes. Mas esta tendência não se resume aos vírus IAPs: ao expandir a pesquisa para o genoma de 38 mamíferos, incluindo ratos, morcegos, elefantes e outros, foi descoberto que outras famílias de vírus apresentam o mesmo perfil. Os vírus invadem o genoma, perdem a capacidade de se espalhar para outros genomas, e passam a se espalhar dentro daquele genoma.

É como uma epidemia em um único genoma. E prossegue por milhões de anos. E esta não é só uma metáfora, já que as 20 famílias mais comuns respondem por 80% das sequências totais. Esta é uma distribuição notável, por que a regra dos 20/80 é conhecida da epidemiologia, onde os 20% mais infecciosos indivíduos respondem por 80% das transmissões.

Mas por que a simples perda de um gene faria tanta diferença? Talvez o “env” prejudique a saúde do hospedeiro, e, ao perder o gene, o vírus ganhe um hospedeiro com maior longevidade, e mais chances de ser passado para as próximas gerações.
Ou talvez a disseminação dentro de um genoma seja uma forma mais eficiente do vírus se copiar. Ele não vai precisar de adaptações para sobreviver fora das células ou evitar as defesas naturais.

Seja lá o que for, deu ao vírus uma capacidade muito maior de disseminação, e permitiu causar uma infecção que já dura 100 milhões de anos, é passada de uma geração a outra, e que talvez o hospedeiro nunca desenvolva uma resistência . [ScienceDaily PNAS]

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