sábado, 5 de março de 2016

Ostras No Sado Regressam, Mas... De Avião

Uma vez por ano, João Silva, produtor de ostra no estuário do Sado, recebe sementes provenientes de França. As ostras bebé fazem a viagem de avião, acomodadas aos milhares, numa pequena caixa devidamente acondicionada. “Nesta altura medem em média seis milímetros, são minúsculas”, diz João Silva. Esta é a ostra japonesa, conhecida também como ostra do Pacífico, a espécie Crassostrea gigas.

As sementes de ostra são conseguidas de duas formas: ou criadas em maternidades, ou captadas ao natural, durante a fase de reprodução da ostra adulta: “São colocados coletores, dentro de água, onde se vão hospedar embriões minúsculos de ostra”, explica João Silva. Mas Portugal não possui as condições necessárias para esta prática.

Conseguir sementes de ostra em maternidades “é demasiado dispendioso e não existem apoios por parte das entidades competentes”, desabafa João Silva. Por outro lado, diz Fernando Gonçalves, secretário-geral da Associação Portuguesa de Aquacultores (APA), “em Portugal não conseguimos criar esse tipo de ostra, não temos uma baía fechada onde se possa fazer esta captação natural, como fazem os franceses”.

Muitos dos produtores não têm capacidade financeira para possuírem os seus próprios berçários de ostras e, por isso, dependem de mercados externos para se abastecerem de juvenis e sementes de ostra. Comprar sementes a franceses é a opção mais rentável para este tipo de produção.

E, portanto, hoje é assim: Faralhão e Gâmbia, estuário do rio Sado. Por estas margens já reinou a ostra portuguesa. Hoje, os tempos são outros e agora são as ostras bebé japonesas que aqui são criadas. Chegam de avião.

Fonte: OBS

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