segunda-feira, 13 de março de 2017

Tudo Mudou Para Tudo Ficar Na Mesma

Paulo Baldaia
Senão, constatem:

Os funcionários públicos recuperaram rendimento, mas a classe média continua à espera do fim da sobretaxa. 

O emprego aumentou ao mesmo tempo que aumentou a precariedade e diminuiu o salário médio. 

O investimento, público e privado, continua mais ou menos parado. 

Os juros da dívida aumentaram e levam-nos mais ou menos 5% de tudo o que produzimos anualmente no país. 

Amortizar dívida continua a ser uma miragem. 

Mas sim, dá a sensação que o país é outro, que dependemos apenas da nossa própria boa vontade, sem cuidarmos de perceber que geringonça não é apenas a coligação parlamentar, é todo o país e a economia que o sustenta.
Se eu fosse de direita seria capaz de desejar um milagre da esquerda e se fosse de esquerda estaria decidido a entregar o poder à direita para ela endireitar o país. Como verdadeiramente ninguém está a pensar no país a médio prazo, não há racionalidade nem altruísmo. Há a tática de jogo que consiste em ganhar um dia de cada vez para segurar o poder o máximo de tempo possível. Há o lado esquerdo, o lado direito e um sistema financeiro que, num mundo globalizado, rapidamente aprendeu a servir-se de tudo e de todos. Há a América que se radicaliza, uma Europa que implode e um povo a ver passar navios.

Podemos acreditar que a alternativa deu bons resultados, mas a única certeza que podemos ter é que, como se pensava, não há um caminho único. Isto funciona com austeridade de direita e austeridade de esquerda, mas nenhuma resolve os problemas estruturais do país. 

Continuamos sem fazer as reformas estruturais, sem adaptar a legislação à globalização que nos entrou porta dentro, sem adaptar as relações de trabalho à competitividade que aumentou com essa globalização, sem acrescentar rigor à liberdade de circulação de capitais. E, com esta consciência da realidade, ganhamos o conforto de sabermos que pouco ou nada depende de nós.

Ainda assim, olhando para os principais protagonistas da vida política portuguesa, é tempo de lhes fazer uma avaliação pelo ano que passou nas suas novas existências. Pela ordem hierárquica:(ler aqui)

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