quinta-feira, 11 de maio de 2017

Costa Parece Ter Razões Para Ver O Sol A Brilhar Mesmo Quando Está A Chover Lá Fora

António Costa parece ter razões para ver o sol a brilhar, mesmo quando está a chover lá fora, como ilustrou, mais uma vez, o Presidente da República, para se referir ao optimismo militante do primeiro-ministro. Na verdade, a economia trocou as voltas às tendências e regularidades do passado e até ao modelo de Mário Centeno. A recuperação é lenta mas não é sentida como difícil por causa da evolução do emprego. Nunca, em anteriores recuperações, tão pouco crescimento tinha gerado tanto emprego. Não temos nenhum problema estrutural resolvido, mas vivemos neste último ano um tempo de confiança crescente no futuro.
Um dos mais interessantes gráficos do Boletim Económico de Maio do Banco de Portugal mostra como este ciclo económico rompeu com as regularidades do passado. Nas recessões da década de 1993 e de 2003, a produtividade desce quando se caminha para a crise e sobe na fase da retoma. Na crise de 2008 acontece o oposto – sobe na fase prévia e cai agora quando estamos em recuperação.

A rápida e brutal subida do desemprego na fase recessiva deste ciclo económico apanhou todos de surpresa. A taxa de desemprego chegou quase a tingir 20% da população activa e em Março de 2013 quase um milhão de pessoas estavam desempregadas (926.800 desempregados, de acordo com o INE). Taxas de desemprego destas, e até superiores, só se conheciam em Espanha e nunca se imaginou que tal viesse a ocorrer em Portugal. A subida histórica do desemprego foi acompanhada com a, igualmente inédita, subida da produtividade na fase recessiva – nas anteriores recessões caiu.
Não se pode dizer que a queda do desemprego tenha sido igualmente rápida na fase de recuperação. Mas o desemprego está a cair muito mais, e o emprego a subir muito mais, do que seria projectável utilizando apenas os dados do crescimento da economia. Como consequência, a produtividade (medida pelo rácio entre o Valor Acrescentado Bruto e o emprego) está a cair, e não a subir como aconteceu nas fases de recuperação das anteriores crises.
O Banco de Portugal não aprofunda o tema ... (continuar a ler)

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