quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Maioria Dos Medicamentos Contra O Cancro Não Melhoram A Qualidade De Vida Dos Pacientes

A maioria dos medicamentos contra o cancro aprovados na Europa entre 2009 e 2013 entrou no mercado sem provas claras de que eles aumentem a sobrevivência ou melhorem a qualidade de vida dos pacientes.
A conclusão é de uma equipe do King's College de Londres, que acaba de publicar seu estudo na revista médica BMJ (British Medical Journal).

Courtney Davis e seus colegas mostram que mesmo quando os novos medicamentos apresentaram ganhos de sobrevivência em relação aos tratamentos existentes, esses ganhos foram marginais, geralmente de semanas.


Muitas das drogas foram aprovadas com base em medidas indirectas ("substitutas"), que nem sempre predizem de forma confiável se um paciente viverá mais tempo ou se sentirá melhor, levantando questões sérias sobre os padrões actuais de regulamentação e aprovação de novos medicamentos.


"Quando medicamentos caros, que não possuem benefícios clinicamente significativos, são aprovados e pagos pelos sistemas de saúde com financiamento público, pacientes individuais podem ser prejudicados, recursos sociais importantes são desperdiçados e a oferta de cuidados equitativos e acessíveis minados," escreveram os pesquisadores em seu artigo.


Remédios sem efeito


A equipe analisou relatórios de aprovações de novos medicamentos contra o cancro pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA) de 2009 a 2013.

Das 68 drogas contra o cancro aprovadas nesse período, 57% (39) foram colocadas no mercado com base em um elemento final substituto e sem evidência de que estendessem a sobrevivência ou melhorassem a qualidade da vida dos pacientes.
Após uma média de 5 anos no mercado, apenas 8 novos medicamentos aprovados no período mostraram ganhos de sobrevivência ou de qualidade de vida.
Dessa forma, de 68 drogas contra o cancro aprovadas pela EMA, e com um acompanhamento médio de 5 anos, apenas 35 (51%) mostraram ganhos de sobrevivência ou aumento de qualidade de vida em relação aos tratamentos existentes ou ao placebo - incluindo os ganhos marginais. Para os restantes 33 (49%), a incerteza permanece sobre se os medicamentos prolongam a sobrevivência ou melhoram a qualidade de vida.(DS)

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